O boné foi acessório indispensável na lavoura do agricultor João Antonio da Silva, 50 anos, morador do distrito de Pains, em Santa Maria. Às 11h de terça, com o relógio que mede temperatura marcando 37,7°C, eu, Pedro Pavan acompanhei o árduo trabalho de plantar e colher, sob um calor escaldante.
Em pouco mais de 10 minutos plantando alface, em um dos canteiros da horta da propriedade, que tem área plantada de mais de 6 hectares, a sensação de desgaste começou a aparecer. Além do calor, para quem não é acostumado com esse tipo de atividade, a tarefa se torna ainda mais complicada.
Em meio às explicações de como alinhar as mudas, as gotas de suor pingavam na terra, enquanto os tênis e a mãos ficavam cada vez mais embarrados. Ao caminhar por aproximadamente 10 minutos até a plantação de melancia que, segundo o agricultor, é a colheita mais difícil nessas condições climáticas, a garganta secou e a garrafa de 500ml de água, que carregava comigo, esvaziou em segundos. Sob quase 38°C, às 11h45min, uma tarefa teoricamente simples como carregar melancias, tornou-se complicada em determinado momento.
- Quando se carrega de 10 quilos a 15 quilos repetidas vezes, nesse sol escaldante, apanhar melancias é a pior atividade do campo - afirmou o agricultor.
Sem sábados, domingos ou feriados, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro têm sido a cada ano que passa mais difíceis na vida do produtor rural, que além de sentir literalmente na pele os efeitos do sol forte, precisa tomar muito cuidado com a estiagem.